Meknes faz parte das chamadas “cidades imperiais” juntamente com Fez, Rabat e Marrakech. Seu centro histórico é considerado pela UNESCO desde 1996 como Patrimônio da Humanidade.
A cidade surgiu no século IX mas se estabeleceu como capital por pouco tempo entre 1672 e 1727 por ordem do sultão Moulay Ismail.
A cidade tem cerca de 43km de muros com aproximadamente 20 portões e há quem diga que chegou a ter 50km. Mas o fato de maior orgulho para a cidade é ter a porta considerada como a mais bonita do Marrocos: Bab El Mansur.
Importante dizer que, quando se diz a “porta mais bonita”, não se refere à porta de madeira propriamente dita, mas a obra arquitetônica em torno dela. Ela possui 16 metros de altura e 8 metros de abertura, proporções majestosas de detalhes da arquitetura almóada. Seus painéis gravados e suas cerâmicas imitando um tecido delicadamente bordado ainda impressionam mesmo desgastados pelo tempo.
Sua importância não está somente na sua obra arquitetônica mas também na história por trás da sua construção que foi encomendada pelo sultão Moulay Ismail.
Diz a história que a encomenda do projeto não foi com intenção de proteção ou defesa da cidade, mas como um tributo a si mesmo e à ortodoxia muçulmana. Para isso ele chamou o arquiteto Mansour Laalej, cristão convertido ao islamismo e que tinha pretensões de se destacar perante o sultão e sua corte.
Há uma lenda que o sultão ao ver o portão concluído perguntou para Mansour se ele poderia fazer melhor e, Mansour ao responder que sim, provocou a ira do sultão que logo mandou executá-lo. Mas isso é só uma lenda pois há dados históricos que o portão só foi concluído em 1732 após a morte de Moulay Ismail.
Essa é uma história que até poderia ter sido real pois a fama o sultão não era das melhores. Ele foi conhecido na história como o sultão mais temido e cruel em toda a dinastia do Marrocos.
Prova que, para intimidar seus inimigos, ele mandou “decorar” as muralhas da cidade com 10 mil cabeças humanas friamente decapitas.
Os dados são bem macabros: mais de 20 mil assassinatos foram cometidos durante os primeiros 20 anos de seu governo, 25 mil pessoas trabalharam como escravos na construção de Meknes e 150 mil negros foram trazidos do sul do Saara para compor seu exército.
Ele era extravagante em tudo, até no seu matrimônio: 4 mulheres oficiais, 500 concubinas e um total de 867 filhos de acordo com o Guinness e 888 de acordo com a lenda pois é um numero cabalístico.
HARI SOUANI
Hari Souani é uma grande construção datada do início do século 18 durante o reinado do sultão Moulay Ismail. Mais uma obra que trouxe muito orgulho para o megalomaníaco sultão. Foi projetada com paredes maciças e sistema muito engenhoso de refrigeração através de canais de água sob o piso e pequenas janelas de ventilação tornando assim, o local com a temperatura e ventilação ideais para armazenamento de alimentos, água e o bem estar de animais, caso Meknes estivesse cercada por inimigos.
Ao todo são 23 naves suportadas por colunas e arcos, salas com até 25 metros de comprimento por 10 metros de largura. Esse suntuoso edifício era dividido em 3 setores. O principal era o celeiro real, outra parte do complexo abrigava até 12.000 cavalos e a outra para poços de Dar El Ma ou “a casa da água”. Os edifícios tornaram-se num porto seguro para o sultão e seu harém enquanto sua estadia em Meknes.
Martin Scorsese usou esse complexo como locação para um dos seus filmes, o clássico “A Última Tentação de Cristo” em 1988.
Vale a pena a visita e conhecer a complexidade dessa engenharia para a época e imaginar a exuberância do cotidiano do sultão Moulay Ismail.
A entrada varia entre 10 a 20 Dirhams (1 a 2 dólares aproximadamente).
Outro tesouro de Meknes é o sitio arqueológico de Volubilis.